O símbolo “mais” no título deste artigo deve causar certa estranheza: o enunciado estará correto? Houve alguma falha de digitação? A resposta é “não”. Esta provocação cumpre o objetivo de transmitir a necessidade de integração entre escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, que ao exercerem suas funções de forma alinhada, ou seja, ao somarem suas atuações – em vez de insistirem em subtrações -, conquistam inúmeros resultados para a empresa cliente.
A ideia por trás desta matemática é simples. Atualmente, os escritórios e os departamentos jurídicos expandiram suas operações e já não se limitam apenas a prestar consultoria e pensar preventivamente. A ampliação da função exercida pelas duas áreas deve-se ao entendimento, que vem crescendo, da importância para o desenvolvimento e solidez empresarial. E quanto maior for a afinidade entre elas, melhor será o desempenho do negócio.
Neste aspecto, é possível notar comportamentos que, se adotados, facilitam e aumentam a assertividade. Um exemplo: a comunicação.
É imprescindível que os advogados envolvidos – tanto os de banca quanto os internos, que atuam na própria organização – saibam passar para seu cliente mensagens eficazes, capazes de atingir o entendimento institucional. Para tanto, é preciso compreender profundamente o negócio ao redor: contexto e mercado em que está inserido, valores, missões, necessidades, demandas, carências. Este posicionamento assegura um bom relacionamento e diálogo com o cliente e a antecipação de cenários, riscos e possíveis impactos ao negócio.
Contudo, uma vez que o objetivo de toda empresa é conquistar posicionamentos cada vez mais competitivos e lucrativos, é comum que setores, como o departamento jurídico, sejam negligenciados, pois representam uma atividade-meio, distante do faturamento proveniente da prestação de serviço, ou da atividade-fim.
Neste aspecto, é comum que executivos subestimem a importância desta gestão, adotando uma visão errônea de que departamento jurídico e escritório de advocacia representam custos excedentes, ou – para aumentar o engano – desnecessários.
O equívoco reside em negligenciar o potencial e o diferencial mercadológico oferecido por estas áreas, responsáveis por otimizar e aprimorar a gestão de ações, criar posicionamentos estratégicos, contribuir para o alcance de metas e aumentar a lucratividade da organização (lembrando que a conquista de tais resultados depende de uma atuação conjunta e alinhada e da profundidade de conhecimento que se tem do negócio e seus objetivos).
O contingenciamento mais preciso é um bom exemplo, para falar um dos muitos benefícios alcançados com a colaboração jurídica.
Outros benefícios podem ser conquistados com a escolha do escritório que irá representar a empresa, tendo em vista os investimentos que realiza em inovação, tecnologia e capacitação profissional.
Por exemplo: alguns escritórios, acostumados em investir na inteligência da gestão, já utilizam em suas rotinas e práticas a jurimetria, ferramenta estatística que garante um controle de risco eficaz e determina o percentual de deliberações de um tribunal em dado sentido, a quantidade de teses que são aceitas ou rejeitadas com maior frequência, ou o perfil decisório de juízes. Ou seja, investem em uma ferramenta capaz de repelir decisões conflitantes, reduzir os custos processuais, obter maior precisão de contingenciamento e de alcançar planejamentos mais assertivos.
As vantagens adquiridas por escritórios que valorizam o aprimoramento de sua atuação podem ser demonstrados de muitas outras formas: em um acordo de demanda judicial ou extrajudicial, responsável por reduzir o valor estimado para o pagamento da sentença; a consciência de quais são os pagamentos, em casos de condenação por danos morais, fixados por um determinado tribunal; uma tese tributária que discute impostos já pagos e recupera valores expressivos.
Para resumir, as muitas demandas do âmbito jurídico, quando bem atendidas, resultam em economia, minimização de riscos e otimização do faturamento empresarial. E por bom atendimento deve-se entender a gestão assertiva da carteira de ações, a atuação preventiva, o mapeamento de riscos, a utilização de tecnologias e a busca incessante por oportunidades para o cliente.
Apesar de ainda encontrar certas resistências dentro do pensamento corporativo, o departamento jurídico e o escritório de advocacia podem ser peças-chaves no planejamento estratégico de um negócio, garantindo seu desenvolvimento.
Um caso bem ilustrativo disto é o da indústria farmacêutica EMS, fundada por Carlos Sanchez. Segundo o empresário, em entrevista à revista Exame, a equipe jurídica – responsável por controlar a patente dos medicamentos ali desenvolvidos – é mais importante para o sucesso da empresa do que a de farmacêuticos.
Entretanto, é necessário ressaltar que resultados significativos dependem da dinâmica de parceria estabelecida entre departamento jurídico e escritório de advocacia.
Falha de comunicação, ausência de alinhamento estratégico e busca por culpados são alguns dos problemas mais comuns do relacionamento entre essas duas gestões.
Problemas que, muitas vezes, iniciam-se na contratação do escritório que irá representar a entidade: a busca por preços, ao invés de valores, acarreta em estabelecer uma relação em que se exige muito de um contratado que tem pouco a oferecer, gerando atritos e prejuízos para a empresa. Sendo assim, a contratação deve ser bem pensada e estar à procura de um escritório que possua a qualificação necessária e valores compatíveis com os da organização.
Em uma contratação bem-sucedida, o preço, certamente, será um “detalhe”, pois um escritório capacitado buscará interação com as demais áreas da empresa e boas oportunidades, sempre apresentando os riscos e impactos que o negócio pode sofrer em determinados cenários, bem como soluções e alternativas. Neste aspecto, é importante que empresas tenham a capacidade de definir o que é valor, podendo ser a simples relação de custo, ou a materialização de trabalhos competentes, que inspiram confiança e praticam a criatividade, perseverança, honestidade e lealdade em suas ações.
Com aliança e a colaboração entre um bom escritório de advocacia e departamento jurídico, a empresa conquistará posicionamentos mais assertivos, contornará prejuízos, evitará risco e se desenvolvera com um importante diferencial competitivo no mercado atual.