Mercosul e União Europeia
Há um ano e meio em renegociação, a cúpula do Mercosul tem se esforçado para tirar o acordo do papel com a União Europeia. Depois de muitas idas e vindas – especialmente pelas barreiras impostas pelas políticas-econômicas dos presidentes anteriores no Mercosul e Venezuela – o impasse continua basicamente o mesmo, de difícil negociação: achar um denominador comum nas cotas comerciais e reduções tarifárias aos produtos agrícolas sul-americanos para não desequilibrar a PAC europeia, achar um denominador comum no teto imposto pela EU às importações de carne e etanol e aos direitos alfandegários de indústria e serviços que podem causar prejuízos nos países do Mercosul.
Taxação do aço e alumínio por Trump
Se de um lado a política antiglobalista de Trump facilitou que o Acordo entre União Europeia e Mercosul esboçasse uma reativação, este mês Trump está colocando em prática aquilo que prometeu: sobretaxar o aço para proteger, numa tentativa ingênua, a indústria americana. O Brasil, um dos 10 maiores produtores de aço do mundo será totalmente afetado, considerando que é o segundo maior exportador de aço para os EUA. A sobretaxação de 10 a 25% nos produtos podem gerar prejuízos de mais de U$ 200 bilhões.
Brasil contra-atacará?
Quando se fala em barreiras alfandegárias, o elemento geopolítico é preponderante e o efeito cascata a ser fortemente considerado. Neste caso, mais do que a sobretaxa, os problemas de estoque de aço e alumínio que gera-se em países como Brasil e China afetam diretamente a dinâmica mundial, alterando a oferta x procura e desestabilizando os preços de maneira global. A sobretaxa ao aço chinês pode gerar igualmente as trocas entre Brasil e China, gerando um descompasso nas balanças comerciais. O Brasil procura alinhar uma estratégia de contra-ataque, impondo barreiras nas importações americanas de produtos brasileiros, do lobby das gigantes do aço nos EUA ou da intervenção via OMC.
Mesmo com leve recuperação na economia, Brasil continua entre os destinos de IED
Mesmo com queda de 16% no fluxo de IED no mundo, o investimento estrangeiro no Brasil cresceu 4% no Brasil em 2017, nos deixando entre os sete primeiros destinos no mundo. Nove das dez maiores aquisições da América Latina foram no Brasil, sendo sete delas por grupos chineses. O Brasil representa 50% do destino de IED na América Latina, reinando absoluto entre concorrentes de peso como o México. O motivo? Empresas mais baratas, destino mais seguro na América Latina, gaps de segmentos não atendidos pela indústria nacional que geram interesse crescente nos últimos 10 anos, mesmo com a engenharia tributária e trabalhista complexa.
TRF3 libera exportação de animais vivos no Brasil
A história é simples: países muçulmanos precisam do boi vivo para efetuar o corte conforme práticas halal. Empresários brasileiros identificaram a oportunidade de U$ 170 bilhões por ano e começaram a exportá-los. Mas a questão, além de enfrentar dilemas ambientais e sanitários – porque há uma controvérsia sobre a eliminação dos dejetos no mar – e de direito dos animais – porque os bois viajaram em condições críticas – enfrentava uma (in)definição da real previsão da possibilidade de exportar em tal modalidade, que foi parcialmente resolvida com a derrubada da liminar em ação civil pública ajuizada por associação de proteção aos animais. Portanto, a exportação de boi vivo, que cresceu 36% em 2017 e pretende crescer mais ainda, está liberada.